sábado, 15 de outubro de 2011

Caminho do Imperador

Conto aqui a historia sobre o primeiro passeio off-road com os amigos Felipe Muruci, Iggor Andrade e Bernardo Menezes e nossas Yahama XTZ250 Ténéré. em um sábado, no dia 15/10/2011

Foi um trecho de 78km de estrada de Areal até Petrópolis com varios tipos e condições de piso e de tempo.






Cada um participante saiu de um ponto do Rio de Janeiro.
Sai de casa cedo, feliz por o tempo ter dado uma trégua, e o asfalto estar seco.
Encontrei Felipe que partiu de Cabo Frio e pernoitou em Nova Friburgo, marquei o ponto de encontro na  fabrica da schincariol localizada na estrada RJ-116 que liga Rio a região serrana de Nova Friburgo.
Felipe e eu fomos ao encontro de Igor e Bernardo pois tinhamos marcado o encontro do grupo no restaurante casa do alemão na entrada da cidade de Petrópolis. Os dois partiram da Praça da Bandeira no  Rio de Janeiro

Enquanto estávamos indo ao encontro dos amigos pela estrada Rio-Teresopolis, no meio do caminho o tempo mudou.
Começou a chover e a preocupação aumentou, pois não tinha nenhuma experiência em fora de estrada e iria andar com 3 amigos que tinha conhecido pela internet a poucos meses.

Chegando ao pedágio da BR-040, Igor me liga e diz que ja chegou em Petrópolis e que o tempo estava nublado. Disse que estava tranqüilo que em 15 minutos subia.
Tá 15 minutos..
Subíamos rápido, pois as condições do concreto e de transito deixavam... mas depois de 5 minutos do pedágio vem a neblina, tão densa que eu não via o Felipe na minha frente a poucos metros. Na verdade estávamos dentro da nuvem da chuva... muito escuro.
Velocidade de 70km/h caiu para 20 km/h... e subimos em 30 minutos.

Encontramos Igor e Bernardo, conversamos, nos conhecemos e decidimos seguir em frente, o tempo estava muito feio, e ja esta chuviscando. Ja estávamos la mesmo, vamos em frente com os planos.

Entramos para Petrópolis, tiramos foto no clássico hotel quitandinha , abastecemos as motos, compramos agua.



Puxamos para Areal. Ao retornar para a BR-040 deparamos com condições de tempo bem piores. Agora alem de estar dentro da nuvem, chovia, chovia e chovia. Eram só 40 km até areal, mas passando um pouco depois de Itaipava, o tempo abriu , a pista secou, que sol, que paisagem.
E aceleramos até o próximo pedágio.

No pedágio uma pequena confusão em quem passa na frente o Bernardo foi e a cancela fechou.
Que susto... o cara freou em cima... a poucos centímetros... Depois de umas gargalhadas e o cara bem... seguimos.

Ja era perto da hora do almoço e a fome bateu.

Entramos na cidade de Areal... Paramos em uma placa que dizia que estavamos em uma cidade do caminho novo da estrada real...


Fotos, fotos e fotos... e para um cara de carro e vira para o Felipe... E a pergunta se repete... " A moto é boa? Econômica? Dá para viajar? Se ele soubesse que faríamos naquele dia...
No centro da cidade, no primeiro restaurante paramos, era um pouco salgado para o orçamento da viagem, mas não queriamos rodar e no fim das contas perder tempo...
Jaquetas em cima da moto para secar...
Corpos abastecidos... ô comida boa... com fome então...
Conversas e mais conversas.. muito animo...


Da esquerda para a direita Felipe Muruci, Leonardo Mattos, Igor Andrade, Bernardo Menezes.

Vamos para Estrada de novo, sol a pique. 12Hs.

Encontramos o inicio do trajeto fora de estrada ao lado de uma fabrica na BR-040 com auxilio do GPS. Que foi fundamental o equipamento para navegar.


Me impolguei, barro seco, acelerei e na primeira curva fechada um susto, inexperiência pura, quase parei no mato, freei, travei as duas rodas, escorreguei para um lado para o outro, a moto morreu, mas parei, e bem assustado.
Igor me disse que quase fez a mesma besteira, quase foi os dois.

Mas depois do susto, e de ver que realmente não estava com pneu apropriado para a estrada. Fui com 
mais cautela, mas tive outros sustos a frente.


Primeira porteira e um boi tomando conta, é serio...

Felipe acelerou e pulou o mata burro da porteira. Depois foi igor... Eu falei para o Menezes que o boi era dele, e deixei a moto morrer, Mas graças ao start, fui ainda na frente dele. O boi nem se mexeu... Enquanto passamos.

Durante o caminho, foi boi, vaca, galinha e nós. Sem niguem por perto.

Seguimos, e o tempo e terreno mudava, barro agora umido e tempo escurecendo, afinal escavamos voltando para Petrópolis onde chovia.



Paramos em uma antiga fazenda sendo demolida, mais fotos...



Começou subidas e descidas no barro umido...

Em uma poça que preferi passar ao desviar bruscamente, quase fui para o chão de novo, malabarismo a parte em cima da moto, fiquei em pé.

Ja fiquei cabreiro com os pneus me jogando para um lado e para o outro nas retas e curvas o tempo todo, ja acelerava e freava com mais cuidado e tato. Tentando sentir mais as reações da moto, sem perder distancia dos amigos e por eu mesmo em risco novamente. Mas isso era ilusão o risco sempre esta contigo.



Varias bifurcações e o GPS guiando. As vezes tinha um delay na recepção... Mas sem ele não iríamos conseguir.

Achamos um marco de pedra da estrada real caminho novo. fotos, fotos, fotos...






Cada lugar habitado que passávamos todos olhavam, uma, duas, três, quatro motos iguais, sem preparação off-road, rodando juntas por aquelas estradas ruins.


Seguimos por 2 horas até acharmos asfalto de novo. Foram 50 km de fora de estrada bem lento e com diversas paradas.

Todos tensos, bastante cansados e muito felizes.
 Te juro que eu queria voltar pelo asfalto, mas meu coração pedia mais aventura, mas meu medo não deixava eu decidir.

Conversamos com uma moça em um bar onde compramos guaraná e agua... E vem a pergunta
- Estão vindo de longe? Estão indo para onde?
 Quando falei que ia para Petrópolis a mesma me disse que ja estava tudo asfaltado... e que ia ser rápido.
Faltava 28 km para o destino.

Fiquei um pouco decepcionado.. continuamos seguindo o asfalto até que um momento o GPS indicava sair da estrada, e um caminho de barro molhado.

Paramos, pequena reunião. E vamos para o barro novamente.

Foi um decisão louca mas sabia, pois foi o melhor trecho da estrada.

Nesse trecho tinha tanta pedra e desniveis que só moto ou 4X4 passava. Ali achamos uma placa informando que estava no caminho do imperador.



Bom se eu quiser competir em um rally tenho que treinar, nesse trecho a navegação e pilotagem me atrapalhou e segui duas vezes pelo caminho errado até o GPS se achar e atualizar... mas isso menos de 300m do caminho certo.

Passamos por 4 trilheiros em um armazém rural de beira de estrada e os mesmo nos olhando, não sei se abismados ou ridicularizando agente.

Voltando ao meu enorme relato.

Começamos com um subidão e um descidão escorregadio aluciante... Muita pericia para a moto não escapar.
A chuva voltava a apertar, mas agora estavamos entre pedras, barro, lama, pontes de madeira.
Felipe e Bernardo mais experientes seguiam na frente, Igor e Eu mais para tras, um pouco atrapalhados, mas rindo muito em baixo do capacete.
Trechos escuros e claros, curvas com lama. Corpo para o tanque e deixa a moto rabiar.
Saltos em pedras.
Retão. a 70km/h.
Paradinha para fotos e tudo de novo.

Fiquei para tras pois o oculos me atrapalhou, não dava para andar de capacete com viseira fechada, embaçava tudo. Falta equipamento apropriado.

Mas todos pacientes um com o outro durante todo o caminho.
Ninguem ficava para tras, um tomando conta do outro. Um grupo realmente.



Terminou. 78 km percorridos no meio de fazendas e montanhas.
O GPS determinava o caminho para sair e chegar a BR-040.
Na BR-040 chuva forte. Não via nada novamente.
Chegamos a Petrópolis 16:30hs parecia noite de tanta agua que caia.

Apos mais de 40 minutos em um posto de combustível na entrada de Biguen em Petrópolis decidimos descer. La em baixo decidiriamos onde Felipe ia dormir para no dia seguinte retornar para Cabo Frio pois a noite chegava, e chuva forte com BR-101 não combina.

Curvas atras de curvas descendo a serra debaixo de temporal, no pedágio, ao pagar para os 4 passarem o cara pediu para passar os 4 direto, não de um em um, estranhei, escutei uma sirene do pedágio, fiquei preocupado um pouco com isso, mas espero que não de problemas futuros.

E tome BR-040 debaixo de chuva até Duque de Caxias, mas uma parada em um posto de combustível e Felipe decidiu que ia ficar no RJ na casa de um amigo e era caminho de todos.
Linha vermelha, a chuva parou, Linha Amarela e me despedi com a alma lavada literalmente, com muito frio e eles três seguiram em frente.
Um confere pos SMS se todos chegaram bem.

No fim..

CASA... BANHO... COMIDA QUENTINHA e CAMA...

Sonhando com o caminho... e as emoções que passei...

"O motociclista não precisa procurar pela felicidade: ele a encontra no caminho..."